Como o último dos guitar heroes sobrevive em Curitiba

Airton Mann é um dos músicos mais importantes da cidade, professor-referência em guitarra e garoto-propaganda de marca famosa”

Era como a cena final de “Encruzilhada”, filme com a cara dos anos 1980 repetido à exaustão na Sessão da Tarde, em que um guitarrista habilidoso [interpretado por Ralph Macchio, de Karatê Kid], mas sem renome, encara um duelo com uma estrela no instrumento. Foi assim que o paranaense “guitar heroes” Airton Mann subiu ao palco do Teatro Paiol para tocar ao lado do norte-americano Steve Vai, talvez o mais influente guitarrista na linha virtuose – de músicos com técnica apuradíssima.

Era 2015. Durante alguns minutos, Mann e Vai solaram de igual para igual, com velocidade, feeling e pegada, a receita de bolo para dominar as seis cordas. Foi sem intimidar. Curiosamente, Steve Vai foi o ator que fez a ponta de antagonista em “Encruzilhada”, em 1986. Ao contrário do filme, porém, ali não haveria derrotados. Só vencedores.

Airton Mann ainda não vendeu seus milhões de discos como Vai, mas tem sua verve de guitar hero. Há 25 anos ele vem formando boa parte dos guitarristas de Curitiba e se consolidando como um dos músicos mais fundamentais no repertório do estado – em um mundo cada vez mais carente de heróis da guitarra. Em paralelo, é um dos vértices de um supergrupo paranaense, o Evil Pine, montado ao lado do amigo de longa data Marcellus dos Santos, frontman do Motorocker.

Tamanha representatividade levou o paranaense a ser o primeiro artista brasileiro patrocinado pela Ibanez, famosa marca japonesa de guitarras que tem como principal garoto-propaganda justamente ele – de novo — Steve Vai. “Começou de uma forma nacional [o acordo de patrocínio]. Aí os executivos japoneses vieram para Curitiba, visitaram o Instituto [sua escola de música], viram nosso trabalho.

Pelos quatro cantos do mundo
Passou um mês, um deles me pediu para ver o meu e-mail. Estava lá meu nome no site mundial”, relembra. Mann agora é um artista apoiado pela marca e divulgado nos quatro cantos do mundo. E vive um sonho: quando precisa de um modelo novo de guitarra, liga para a fabricante, que lhe envia o brinquedinho. “A Ibanez é mais versátil. Posso chegar tanto do timbre de uma Stratocaster [modelo da Fender] quanto de uma Gibson”, diz, citando duas outras icônicas fabricantes. Sem puxa-saquismo. O guitarrista já optava pela japonesa antes do contrato.

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